Mês da luta Antimanicomial
Em maio é o mês da luta Antimanicomial
O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental.
– Dentro desta luta está o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental em nome de pretensos tratamentos, ideia baseada apenas nos preconceitos que cercam a doença mental.
O Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar que como todo cidadão estas pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.
Vamos saber dessa luta com a Dr. Jéssica Borges:
“ Diagnosticar a loucura e tratá-la não é algo assim tão fácil de fazer. Basicamente qualquer pessoa poderia ser internada num hospício, ou seja, qualquer tipo de comportamento que não é visto como normal perante a sociedade, faz com que essa pessoa a pessoa seja internada em hospícios. E obviamente os hospícios começam a não dar conta de tanta pessoa que estava sendo internada. A falta de lugar pra dormir, de remédios, de cuidados básicos, até mesmo higiene e estavam se tornando muito difíceis. Começou comparar manicômios a campos de concentração da Alemanha. E não era só no Brasil que estava acontecendo todo esse modo de repensar a psiquiatria e os hospícios. E com a ideia de reformar a psiquiatria no mundo inteiro começou a surgir novas correntes com novas propostas .
Eu vou falar de uma corrente, de uma vertente que se chama psiquiatria democrática. E essa vertente ela ganha força lá na Itália, lá na década de setenta por um cara chamado Franco Bazalia. Um médico psiquiatra que tem toda uma visão diferente em relação a psiquiatria. Em mil novecentos e setenta e um ele assume a direção do Hospital Psiquiátrico de Trieste. Em mil novecentos e setenta e sete o mesmo hospital ele é fechado. E claro, nessa época a Itália ela já estava no movimento de rever toda essa questão da psiquiatria e dos próprios hospícios. E com as teorias da psiquiatria democrática de Franco Bazaglia esse hospital psiquiátrico se transforma num local com outras instituições e organizações como escolas, universidades e até mesmo cooperativa basicamente o Bazaglia propôs na Itália na década de setenta a erradicação de qualquer manicômio. Ele queria desconstruir o saber psiquiátrico como sendo soberano. E a sua principal proposta era substituir esses manicômios por locais, por serviço extra-hospitalares. Porque ele tinha uma visão de que o problema não era a doença em si. Mas como ela estava sendo compreendida na nossa sociedade. Então se a gente for entrar lá na história do Brasil na década de setenta, o Brasil estava sob comando de uma ditadura militar. Mas é que nesse mesmo momento estavam acontecendo movimentos sociais em prol da democracia e um deles é o movimento da reforma sanitária. O movimento da reforma sanitária era pra rever as questões de saúde no país e principalmente propor transformações. E com certeza vindo com uma visão de contrapor a própria ditadura militar. Na época era muito difícil acessar serviços de saúde no país e pra acessar na época você precisaria ter carteira assinada formalmente. Sem contar que o acesso à saúde ele era regulado pelo setor privado e tinha-se muito uma visão de que a saúde era uma espécie de produto. E aí em mil novecentos e setenta e oito que é o grande marco do movimento social pelos direitos dos pacientes com transtornos mentais. Porque nesse ano que surge o movimento dos trabalhadores de saúde mental. O intuito de melhorias no tratamento pra pacientes com transtornos mentais e também denunciar os maus tratos causados em hospícios e manicômios. E aí em mil novecentos e oitenta e seis que acontece a oitava conferência nacional de saúde o grande marco pra criação do Sistema Único de Saúde o SUS e movimenta a reforma sanitária no país foi crucial pra alavancar o movimento a saúde mental também.”